Uma semana digna de filme de terror aqui em Recife. A chuva chegou com tudo e ventos que dariam para lembrar, embora muito de longe, a minha querida Porto Alegre. Recife nem precisa ter nada para atrapalhar. Ela, sozinha, já se atrapalha e cativa quem convive nos seus problemas. Quanto mais erros, mais amor.
Mudando de assunto... E falando de erros...
"Conhecendo" um pouco o garoto (de longe) e suas histórias ("não tão boas assim"), fiz erradamente um conceito do que seria o perfil do cidadão. Fazer um perfil de qualquer pessoa é um desafio quase impossível. E imaginem de longe, sem conviver?
De de cara, ao ouvir a história sobre a frase do rapaz, percebi o quanto eu, naquela época, tinha errado em fazer uma ideia negativa do garoto. Mesmo percebendo algumas atitudes de comportamento que não iriam ao encontro do que eu achava normal para a sua idade. Já eram problemas (dentro dos problemas) gerados dentro do seu lar.
Me lembrei de outro caso. O de um outro jovem, hoje adulto, que cresceu ouvindo negativas. Se o cara queria fazer qualquer coisa, ele ouvia um "NÃO"! Se tinha um projeto..."Não DÁ"! Se queria fazer algum curso... "Você NÃO tem capacidade"!
Ser pai e mãe requer muito mais do que um encontro sexual entre duas partes. E diria até que, nos casos de adoção, uma espécie de curso intensivo, durante muitos anos, deveria ser obrigatório. Algo que explorasse psicologia, psiquiatria, filosofia e um longo debate com jovens e observações de comportamentos de crianças carentes. Não como ocorre no Brasil. Longe disso...
"Quem vê mediocridade em si mesmo já deixou de ser."
A tecnologia tomou conta das famílias e as famílias ainda não tomaram conta de seus próprios passos.
Fazendo um traçado entre os dois casos (mais do segundo com o primeiro, do que o do primeiro com o segundo), percebi que o problema não estava (ou está) no(s) garoto(s). O problema está com quem tinha, ou tem, a "rédea" da situação.
Educar com limites é diferente de doutrinar uma pessoa a imaginar que ela não tem capacidade, e que tudo que ela tocar vai virar alguma coisa ou fato errado. A conta não demora para chegar. E quando chega... Vem muito cara.
A prevenção é sempre importante. Remediar é sempre mais caro em todos os sentidos. O que se "economizou" de tempo e de dinheiro, com o "chato" e "incompetente" garoto, vem como um tsunami para dentro do que achamos que seja um lar. Ou o que era...
De uma hora para outra não se constrói uma imagem ou percepção de amor ou se destrói os monstros de outra época. O mesmo tempo que levou para chegar no ápice do problema, não será o mesmo para desenvolver novas e boas percepções. Amor se constrói: não se compra, não se vende e não se acha na esquina. E olhe lá, quando aparece... E se acabar, lascou!
Não defendo o "sim" pelo "sim" na educação de ninguém. É indicar os caminhos e fazer valer as bases de um bom caráter. Indicar o caminho e afirmar que tudo pode: basta ter vontade, querer e trabalhar as competências para o objetivo.
Ah! Cuidado com os ditos amigos da família. Discursos utópicos podem gerar uma falsa indicação de caminho. Ninguém diz a verdade ou quase tudo. E na hora... Não era bem assim. Faça o seu caminho sem referências de terceiros. Confie na educação que você recebeu e repasse da forma que os jovens de hoje entendem.
Para quem não segue o caminho...
Psicólogos, psiquiatras e medicamentos estão aí para quem quiser provar: são caros! E em muitos casos não são tão bons. É preciso ter sorte e paciência. O tempo vai ser um aliado e ao mesmo tempo o "chato" do momento para os pais ou responsáveis que não tiveram paciência e competência no passado.
Que o garoto do primeiro caso tenha sorte de encontrar os melhores caminhos para si. Sorte mesmo! E eu vou acompanhar de longe, (infelizmente) como sempre.
Em tempo: ainda não sou pai.
Bom carnaval para todos!
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