sábado, 23 de abril de 2016

Álbum





Lembro, ainda adolescente, que eu tinha o sonho e "adoraria" conhecer e ter amizades com os meus ídolos. Fato normal para a idade e os sonhos de um jovem imaturo e sonhador. O tempo foi passando e com ele a vontade foi diminuindo. Engraçado, não? Tudo fruto do meu medo da desconstrução de tudo aquilo que "eu juntei com o meu esforço" imaginário.

Alguns ídolos eu tive o prazer de dar um alô, de apertar as mãos e trocar umas ideias. Outros, cheguei perto. Mas a distancia de uns ou a proximidade com outros sempre me assustou da mesma forma.

Os dias foram passando e aquele adolescente começou a se retrair ainda mais: na mesma velocidade em que se assustava com o comportamento de vários personagens com que tive o desprazer de conviver, e o prazer de me afastar. Se bem que vale o ditado: "o que não te mata, fortalece."

O processo de destruição de uma imagem sempre me chamou muito a atenção. Funciona com um álbum de figurinhas que a gente já começa (na vida) com ele completo: repleto de amigos, parceiros, amores, colegas, orgulhos e imagens que irão ficar "para sempre", durantes o sempre que durar. O ruim é que, esse "sempre" é muito passageiro e não é para sempre! Sempre acaba.

Assim como completar o álbum (no caminho certo da vida) é interessante, administrar as perdas (das figuras dos álbuns) também é.



sexta-feira, 15 de abril de 2016

catarse





*Ligue o play do vídeo abaixo e leia o texto em seguida.

Chorar nem sempre é ruim. Não sei quem inventou essa história. Chorar coloca para fora várias mazelas e ajuda o nosso motor na descarga de energias ruins ou, em outras formas, na alimentação do universo por sentimentos. É uma simples troca.



"Vire a página
Talvez nós acharemos um novo final
Onde estamos dançando em nossas lágrimas."


Qual o motivo de falar do choro? Bom, essa semana eu pude perceber a responsabilidade que tenho (mesmo sem ter programado para minha vida) de digitar palavras carregadas de sentimentos. No caso em tela, sobre o futebol.

Recebi inúmeras respostas de pessoas que leram alguns textos, em um site que alimento diariamente, com notícias, artigos e resenhas sobre dois amores que a vida me deu: o futebol e o Sport.

 

Não sabia que quando escrevia e me derrubava em lágrimas, outras tantas pessoas seguiam no meu barco e sentindo a mesma carga de emoção de quando escrevia. Isso é muito interessante, pois a energia de boas lembranças fizeram outras tantas se tocarem. Esses leitores nem de perto viveram o momento que descrevia em parágrafos. É um retorno que não tem preço. Saber que em algum momento, em algum lugar do mundo, o leitor está te enviando boas vibrações e abrindo o seu coração para você, mesmo que indiretamente.

Contudo, e muito melhor, é seguir na contramão de uma sociedade machista em que dita e que "proíbe" que as pessoas se emocionem. Ou mais, que admitam que chorou (publicamente) ouvindo um música, poesia, vendo um filme, uma peça de teatro ou olhando uma paisagem.

Um dia um saudoso professor me falou que eu tinha o dom de convencer as pessoas pela boca e pelos pés. Isso, naquela época, era se referindo as lábias que eu lançava com as paqueras da época ou com os professores. E com relação as pernas, era por causa da bola que eu jogava. Aliás, ainda jogo (kkkk)

Curiosamente, esse professor, que era de português, não imaginaria que um dia eu teria "o dom" de convencer as pessoas (e de produzir emoção) com um teclado de computador. Feliz estou pq tive a chance de ouvir palavras em que massageavam o meu ego. Mesmo naquele pequeno universo colegial.

Voltando ao choro, ou melhor, ao assunto, passei quase um ano tentando chorar. Sabe quando a gente sente a vontade e não sabe de onde vem? Isso acontece vez em quando comigo. Normal! Talvez o universo esteja querendo que eu (e outros tantos que sofrem com esse mal) troque o filtro do meu corpo, por um mais limpo, no momento em que despejo alguns lágrimas em harmonia com a natureza.



"Será que todos somos estrelas perdidas
Tentando iluminar a escuridão?"


Falando de energia... Energia trocada é sempre boa: seja em uma relação sexual, em um aperto de mão ou em um abraço sincero. E como faz falta ao corpo essas relações, não?

Chore, se emocione e não ligue para o que falam. Quem sabe dos seus planos, da sua força e da sua vida é você.

Engraçado é que quando eu recebi o retorno de alguns leitores, me dizendo que se emocionaram com o que leram, eu tinha ouvido mais uma frase em que me deixou caído como um atacante que já não tem forças para suportar aqueles minutos finais de uma partida. Mas como toda pessoa que procura o bem e sempre pratica ações positivas, leitores que eu nunca saberei das suas vidas me fizeram levantar e aguentar "a luta" de novo.

Cada um que agarre o seu leme e siga na sua luta ou na sua emoção.

Boas vibrações!

Em tempo: essa música já me emocionou e me fez chorar simplesmente pela poesia e harmonia.

Música: Lost Stars - Gregg Alexander

sábado, 20 de fevereiro de 2016

"...melhor queimar que apagar"




Esse é o primeiro post logo após o carnaval. Morar em uma cidade festiva tem o seu lado bom e o seu lado ruim: se está querendo festa, é o melhor lugar do mundo! Caso contrário, você vai sofrer muito. É "um tal" de bêbados nas ruas, sons em alto volume, blocos carnavalescos bloqueando as caminhos e blitz, por causa de bebida (mesmo você não bebendo), que te faz parar e repensar até que ponto vale a pena "viver" o carnaval.

Para não dizer que não "brinquei",  fui ao show do Jonhnny Hooker - cantor e compositor da famosa praia de Candeias - onde fui apresentado ao estado de Pernambuco, nos anos 70. Show massa e presença de palco fora do comum. Vale conferir.

...E por falar em rock, apesar de Jonhnny não ser roqueiro, hoje seria o dia de comemorar o aniversário do saudoso Kurt Cobain, do nirvana. E lembrando dele, não pude parar de pensar na forma pela qual ele tirou a própria vida. O suicídio é visto por muitos como uma forma covarde de tirar a própria vida e de fugir de problemas que, para muitos, serão passageiros e pequenos. Mais como acompanhar letras, músicas e depois ler a carta que foi deixada pelo Kurt e recriminá-lo? Segue a tradução da carta:





"Para Boddah*

    Falo como um simplório homem com experiência que obviamente preferia ser uma criança castrada e reclamona. Este bilhete deve ser bastante fácil de entender. Todas as advertências das aulas de Introdução ao Punk Rock ao longo dos anos, desde minha apresentação à, digamos, ética envolvida na independência e o acolhimento de sua comunidade, se provaram verdadeiras. Eu não tenho sentido a excitação de ouvir, bem como criar música, juntamente com a leitura e a escrita, faz muitos anos. Eu me sinto culpado por essas coisas além do que posso expressar em palavras.
 
   Por exemplo, quando estamos atrás do palco e as luzes se apagam, e o ruído ensandecido da multidão começa, isso não me afeta do jeito que afetava Freddie Mercury, que parecia amar, se deliciar com o amor e adoração da multidão, que é algo que eu admiro e invejo totalmente. A verdade é que não consigo enganar vocês, nenhum de vocês. Simplesmente não é justo nem com vocês nem comigo. O pior crime que posso imaginar seria enganar as pessoas sendo falso e fingindo como se eu estivesse me divertindo 100%. Às vezes eu sinto como se eu tivesse que bater o cartão de ponto antes de subir ao palco. Eu tentei tudo ao meu alcance para gostar disso (e eu tento, por Deus, acreditem em mim, eu tento, mas não é o suficiente). Eu gosto do fato que eu e nós atingimos e dirvertimos um monte de gente. Devo ser um daqueles narcisistas que só dão valor as coisas quando elas se vão. Sou muito sensível. Preciso ficar um pouco dormente para ter de volta o entusiasmo que eu tinha quando criança.
 
   Nas nossas últimas três turnês, uu tive um apreço muito maior por todas as pessoas que conheci pessoalmente e pelos fãs de nossa música, mas eu ainda não consigo superar a frustração, a culpa e a empatia que eu tenho por todos. Existem coisas boas dentro de todos nós. Eu acho que simplesmente amo demais as pessoas e isso me deixa muito triste. O pequeno, sensível, insatisfeito, pisciano, Jesus triste. "E por que você simplesmente não aproveita?" Eu não sei.
Eu tenho uma deusa como esposa que transpira ambição e empatia e uma filha que me lembra demais como eu costumava ser, cheia de amor e alegria, beijando cada pessoas que ela encontra porque todos são bons e ninguém a fará mal nenhum. E isso me apavora ao ponto de eu mal conseguir funcionar. Eu não posso suportar a idéia de Frances se tornar um triste, autodestrutivo, e mortal roqueiro, como eu virei.
 
    Eu tive muito, muito mesmo, e eu sou grato por isso, mas desde os sete anos, passei a ter ódio de todos os humanos em geral. Apenas porque parece tão fácil para as pessoas que tem empatia se darem bem. Apenas porque eu amo e lamento demais pelas pessoas, eu acho.

    Obrigado do fundo do meu ardente e nauseado estômado por suas cartas e preocupação nestes últimos anos. Eu sou um bebê errático e triste! Eu não tenho mais a paixão, e por isso lembre-se, é melhor queimar de vez do que se apagar aos poucos.**
Paz, amor, empatia.

Kurt Cobain
Frances e Courtney, eu estarei em seus altares.
Por favor, siga em frente, Courtney, pela Frances.
Pela vida dela, que será muito mais feliz sem mim.
EU AMO VOCÊS, EU AMO VOCÊS!"
 
*Boddah era o nome de um amigo imaginário que Kurt teve durante sua infância.
**Referência a verso "It's better to burn out than to fade away" da música Hey Hey, My My (Into The Black) de Neil Young.
 
 
Ao contrário do que falam, acho que o cara que tira a sua própria vida é um ser que tem coragem. Infelizmente, por alguns motivos, essa pessoa deve (tudo que podemos é falar em um estado de condição) ter passado a vida somando tristezas, desilusões e na sua plenitude de ser sensível (mais do que o normal das pessoas) se viu em um estado de exclusão. Excluir talvez seja a pior das atitudes que uma pessoa ou um grupo de pessoas pode ter com o próximo.
 
Não é a toa que um famoso programa de Tv sempre elege, como vitorioso, o personagem que sempre é excluído no programa. A sociedade age excluindo diariamente mas não consegue viver (na imaginação) que um personagem seja excluído.
 
Exclusão que pode acontecer por algo, por alguém ou pela própria pessoa, por uma cobrança além do normal consigo mesma. Nunca vou recriminar esse tipo de atitude. Também não vou elogiar. Creio que (e acho que muitos irão discordar) que a pessoa tem o livre arbítrio de fazer o que quer com o seu destino.
 
Atire a primeira pedra quem não está se matando em beber em excesso, comer coisas prejudiciais ao seu próprio organismo ou quem vive como um limão: azedo por dentro e por fora e violentando com atos de gestos aos que encontram nas ruas.




 
Uma coisa é certa. A carta de Kurt é escrita com uma sintonia da sua alma ao "mundo externo" e ao mesmo tempo que é uma desarmonia exagerada na grafia e falta de sintonia entre as letras e frases. Olhe que nem precisa ler a carta ou entender o idioma inglês para notar o quanto a vida dele estava, gravemente, em uma linha tênue entre a vida e a morte. Ou talvez ele já "estivesse morto", por dentro, antes mesmo de escrever a carta.
 
De qualquer forma, hoje é dia de escutar rock nas alturas e mandar energia positiva para essa verdadeira lenda viva (que irônico, não?) do rock mundial. 
 
 
"...melhor queimar que apagar"
 
Viva Kurt! Viva o Rock!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A história se repete...





Uma semana digna de filme de terror aqui em Recife. A chuva chegou com tudo e ventos que dariam para lembrar, embora muito de longe, a minha querida Porto Alegre. Recife nem precisa ter nada para atrapalhar. Ela, sozinha, já se atrapalha e cativa quem convive nos seus problemas. Quanto mais erros, mais amor.


Mudando de assunto... E falando de erros...
 
 
Como é "interessante" que as histórias se repetem de uma forma que a gente não tem ideia, não? Um dia desses (e por acaso) ouvi uma história de um rapaz (que ao longo dos seus vinte e poucos anos) falou uma frase, para uma terceira pessoa, que me chamou a atenção: "Tudo que eu faço dá errado, fulana!"

"Conhecendo" um pouco o garoto (de longe) e suas histórias ("não tão boas assim"), fiz erradamente um conceito do que seria o perfil do cidadão. Fazer um perfil de qualquer pessoa é um desafio quase impossível. E imaginem de longe, sem conviver?

De de cara, ao ouvir a história sobre a frase do rapaz, percebi o quanto eu, naquela época, tinha errado em fazer uma ideia negativa do garoto. Mesmo percebendo algumas atitudes de comportamento que não iriam ao encontro do que eu achava normal para a sua idade. Já eram problemas (dentro dos problemas) gerados dentro do seu lar.




Me lembrei de outro caso. O de um outro jovem, hoje adulto, que cresceu ouvindo negativas. Se o cara queria fazer qualquer coisa, ele ouvia um "NÃO"! Se tinha um projeto..."Não DÁ"! Se queria fazer algum curso... "Você NÃO tem capacidade"!

Ser pai e mãe requer muito mais do que um encontro sexual entre duas partes. E diria até que, nos casos de adoção, uma espécie de curso intensivo, durante muitos anos, deveria ser obrigatório. Algo que explorasse psicologia, psiquiatria, filosofia e um longo debate com jovens e observações de comportamentos de crianças carentes. Não como ocorre no Brasil. Longe disso...


"Quem vê mediocridade em si mesmo já deixou de ser."


A tecnologia tomou conta das famílias e as famílias ainda não tomaram conta de seus próprios passos.

Fazendo um traçado entre os dois casos (mais do segundo com o primeiro, do que o do primeiro com o segundo), percebi que o problema não estava (ou está) no(s) garoto(s). O problema está com quem tinha, ou tem, a "rédea" da situação. 

Educar com limites é diferente de doutrinar uma pessoa a imaginar que ela não tem capacidade, e que tudo que ela tocar vai virar alguma coisa ou fato errado. A conta não demora para chegar. E quando chega... Vem muito cara.

A prevenção é sempre importante. Remediar é sempre mais caro em todos os sentidos. O que se "economizou" de tempo e de dinheiro, com o "chato" e "incompetente" garoto, vem como um tsunami para dentro do que achamos que seja um lar. Ou o que era...

De uma hora para outra não se constrói uma imagem ou percepção de amor ou se destrói os monstros de outra época. O mesmo tempo que levou para chegar no ápice do problema, não será o mesmo para desenvolver novas e boas percepções. Amor se constrói: não se compra, não se vende e não se acha na esquina. E olhe lá, quando aparece... E se acabar, lascou!

Não defendo o "sim" pelo "sim" na educação de ninguém. É indicar os caminhos e fazer valer as bases de um bom caráter. Indicar o caminho e afirmar que tudo pode: basta ter vontade, querer e trabalhar as competências para o objetivo.

Ah! Cuidado com os ditos amigos da família. Discursos utópicos podem gerar uma falsa indicação de caminho. Ninguém diz a verdade ou quase tudo. E na hora... Não era bem assim. Faça o seu caminho sem referências de terceiros. Confie na educação que você recebeu e repasse da forma que os jovens de hoje entendem.

Para quem não segue o caminho...

Psicólogos, psiquiatras e medicamentos estão aí para quem quiser provar: são caros! E em muitos casos não são tão bons. É preciso ter sorte e paciência. O tempo vai ser um aliado e ao mesmo tempo o "chato" do momento para os pais ou responsáveis que não tiveram paciência e competência no passado.

Que o garoto do primeiro caso tenha sorte de encontrar os melhores caminhos para si. Sorte mesmo! E eu vou acompanhar de longe, (infelizmente) como sempre.

Em tempo: ainda não sou pai.

Bom carnaval para todos!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Sentir


Nesta semana acabei percebendo que a gente também sente a saúde no corpo. É bem lógico em um primeiro momento, não?

Fácil de falar e conjugar o verbo, é! Difícil é "sentir". Geralmente não sentimos a energia do nosso próprio corpo ou a saúde que estamos passando.

Contudo, é comum, no sentido inverso, saber que algo está errado com o nosso organismo: basta uma dor de cabeça ou algo similar.

O verbo sentir é "quase sempre conjugado" assim que escutamos algumas perguntas relativas ao sentimento, ao que se quer no desejo de sentir. É algo automático e simplesmente não valorizado por todos. Não valorizado é apenas um modo de dizer. Afinal, quem não valoriza o que é bom? Sentir é bom até mesmo quando o sentimento é ruim. É dele que faremos uma referência e, em muitos momentos, um ponto de partida.

Eu, por exemplo, só aos 44 anos tive o sentimento de saber como a saúde estava chegando novamente. E isso, no sentido bom. A volta da saúde mental e física. É algo comum do ser humano não valorizar um ponto que está intrínseco no seu dia a dia. É como se a vida somente tivesse a obrigação de te dar coisas e fatos bons para "a sua natureza". É como uma regra dentro das nossas cabeças.

Mas... Chega aquele momento (que pode ser dia / meses / anos) em que o alerta é ligado e as percepções gritam mais do que o normal. Pronto! Vamos sentir a falta de saúde!


"Quem se meter a conhecer o outro, antes de conhecer a si próprio, vai passar o tempo todo se vendo no espelho."


Esse texto não é uma crítica com quem não está ligado no cotidiano do seu corpo. É apenas uma constatação que não temos a percepção plausível aos "olhos": no costume.

Fazendo um link da percepção de sentir o corpo, com a falta da percepção, encontramos pessoas que não sabem ou não se dão conta do quanto buscam no outro (amigo / namorado / colega / ficante) o seu espelho.

E fazemos isso, também, em um bate papo sem qualquer pretensão.

Já percebeu o quanto induzimos a resposta do outro? Escolhemos, minuciosamente o receptor de atos, gestos ou palavras, muitas vezes, pela percepção do que é certo no nosso conceito. No que é justo e de acordo com os nossos dogmas.

Ganha-se por um lado e Perde-se por outro. O ganho é no caminho em que somente vamos enfrentar conversas, ideias e respostas no que achamos certo. Se faz novos amigos, amores, caminhos e certezas que não irão gerar incertezas. É a preguiça e o comodismo de viver em um piloto automático da vida. Vez em quando é que pode-se diminuir a frequência: e isso no tempo e espaço que indivíduo quer.

Perde-se quando não existe crescimento de convicções e contrapontos no momento que se houve a resposta que já estavam em nossas mentes. E é difícil também perceber que não estamos caminhando e trabalhando esse lado. Afinal, "só presta se eu gosto" ou se "tem a minha assinatura".


Também não vamos fazer do nosso dia a dia um campo de batalhas onde tudo que eu busco é a opinião contrária para poder argumentar e me impor (ou não). E o pior que tem gente que faz isso com a frequência mais que exageradamente. Nem tudo, nem pouco! Sempre há um espaço para o meio termo, não?

E é aí que mora a dificuldade. Que tal, vez em quando, abordar o "não" e encará-lo como positivo?

Sentir, em todos os sentidos, é uma busca e um crescimento.


sen·tir - ConjugarConjugar
(latim sentio, -ire, perceber pelos sentidos, perceber, pensar)


verbo transitivo
 
verbo transitivo
 
1. Perceber por um dos sentidos; ter como sensação.

2. Perceber o que se passa em si; ter como sentimento. = EXPERIMENTAR

"sentir", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/DLPO/sentir [consultado em 27-01-2016].

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O olhar x a expectativa

 
 
Viver em uma cidade como Recife é um presente para qualquer um. Inclusive se o cara gosta de farra e tem disposição para tudo. Dinheiro? Não precisa de tanto. A capital pernambucana e sua vizinha de festas (Olinda) são singulares e paralelas neste quesito. Se come e se bebe de tudo: caro ou barato, longe ou perto e coisas boas e ruins. E nessa velocidade da diversidade cultural e de programação, o camarada pode ter de tudo: inclusive nada.

Existem aqueles de "gosto duvidoso" e que insistem em querer mais adeptos. Talvez seja a síndrome das redes sociais... Será?

Querer estar em todos os lugares seria impossível. Me impressiona a disposição de muitos para ir e "estar" em vários locais. É como se tudo fosse acontecer ao mesmo tempo (minuto após minuto). A necessidade quase desumana de abraçar tudo e todos. São os resumos (não tão resumidos assim) nos registros para o Instagram ou para o "loteamento" da festa em um breve post do Facebook.

Talvez seja uma necessidade de provar algo para alguém e que, na verdade, não se sabe nem quem é o público, que se quer alcançar, e os reais motivos. "Tão real" quanto uma risada para uma self em um local público.



 "Quem corre do sofrimento, sofre mais"
 
 
Será que correr das festas de carnaval será um sofrimento? Ficar em casa vendo a Tv com os "Vips" posando de admiradores do samba ou da axé music é, ou será, um processo difícil. E por morar em uma cidade referência de cultura e carnaval terá, se for o caso, o seu preço. Se ficar, o bicho pega. Se correr...
 
 
---#---
 
 
Houve uma época em que andava de bicicleta por toda a zona sul do Recife e, principalmente, nas praias do que denominam, nos dias de hoje, a Jaboatão dos Guararapes. Em várias "bicicletadas" indo para a casa de uma namorada da época, eu sempre passava em frente de uma lanchonete em que era ponto da galera do surf.
 
Só para mapear, "o verbo" surfar não entrou na minha vida desde aquele tempo... Em uma das idas e vindas desse caminho, entrei no ponto da galera para saber o que tanto rolava: fiquei curioso para observar. E só observar.
 
Nela, vários cabeludos como eu (nos anos 80 só tinha cabelo grande o "boleiro", o surfista ou Paulo Ricardo, na sua RPM), e uma tv ligada com filmagens do que seria o dia da turma no mar.
 
Entre ondas, drops, comidas naturais e etc. eu estava atuando naquele circuito como um "haole" (uma espécie de gente fora do local). Ficava ouvindo e vendo as reações, brincadeiras e os supostos objetivos da turma: cada um com os seus sonhos de uma suposta, ou não, vida de surfista.
 
 
Engraçado que este mesmo filme passou na minha cabeça uns trinta e poucos anos depois. Estava vendo um programa sobre o Carlos Burle (lenda do surf brasileiro), e me deparei com uma frase do cara. E essa frase me fez ir até a minha adolescência, e naquela lanchonete, naquela noite. Mais engraçado é que somente me chamou a atenção em um segundo momento: "Hoje teremos onda pequenas. Vamos fazer acontecer".
 
Besta sou eu que acreditei no que o cara falou. Eram ondas no Rio de Janeiro que eu jamais pensei em surfar. Ondas grandes e sem uma sequência lógica. Um tremendo desafio para um iniciante do esporte.
 
Um mesmo olhar sobre a ótica da diferença em um segundo plano. Complicado, não?
 
As perguntas sempre me estimularam mais do que as respostas, mesmo que elas não tenham sentido ou uma exata explicação. A onda do Carlos Burle é muito maior do que o desejado por um surfista "normal" como eu. E daí, vários sentimentos: qual o olhar que cada um coloca no mesmo ponto? Qual a expectativa pelo que está do outro lado da ponte?
 
É lógico que a frase e o exemplo serviram de inspiração para as várias perguntas que sempre faço no meu dia a dia. Diria até que nas minhas longas horas de insônia ou nas minhas "curtas" (não tão curtas assim) corridas.
 
Gerar uma expectativa no que os outros falam pode não ser tão prazeroso. Alinhar as palavras e o contraditório do que se realmente enxerga é sempre desafiador para quem está olhando com a visão de admiração, de pódio ou simplesmente de aprendizado.
 
Que tal praticar o olhar com os próprios olhos e deixar a expectativa do lado? Talvez o caminho difícil seja o mais fácil de ser jogado e vivido. Vai saber?!
 
Carlos Burle, recentemente, me desejou boas vibrações e disse que nos encontraríamos nas águas. Imagine?!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Lei da Consequência - Causa e Efeito





E mais uma vez vai chegando ao fim uma semana de assuntos que vão do "8 ao 80". Se por um lado podemos dar os parabéns ao Humberto Gessinger, o eterno Engenheiros do Havaí, pelos seus 31 anos de carreira, por outro, não podemos ser tão enfáticos na felicidade com a morte do David Bowie.

Ambos com vasto caminho percorrido pelas estradas do bom e velho rock: um, nacionalmente. O outro, com rodagem internacional. Segue o jogo... Ou melhor, o rock! Eternizado e servindo de referência para as futuras bandas.



 


Em uma das minhas caminhadas, pelo bairro em que moro, me encontrei com uma dupla. Era um deficiente visual e um rapaz que caminhava na sua frente. Do nada, como quem pede licença, me pediram uma informação. De pronto, eu já parei e dei a coordenada para o destino que os dois perguntaram e iriam.

O engraçado é que, ao dizer a direção (que era contrária ao caminho que eles estavam fazendo) o rapaz com deficiência parou, deu uma risada (já todo suado) e falou: "estou andando tem tempo... E mais perdido que cedo em tiroteio".

Minhas caminhadas são que nem as minhas corridas. Servem de terapia e de bons momentos para pensar em possíveis problemas e soluções. Possíveis mesmo... Tem como encarar alguns problemas da vida de forma tão séria depois do exemplo que recebi de alegria e de superação? Não, de fato, não!

Tudo ficou pequeno depois que eu presenciei o sorriso dele (naquele rosto suado e querendo chegar logo para o compromisso que estava programado) e o seu bom humor com tanta dificuldade que ele enfrenta pelo problema na sua visão.  

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Após alguns minutos encontrei uma pessoa que não era o foco, naquele momento, mas... Serviu de envio de uma mensagem para outra pessoa. Vou ser claro: não gosto de saber que alguém tem raiva de mim ou que vá desviar o caminho por minha causa por uma simples falta de comunicação. Erro acontecem... Se é que errei... Acho que não.

Pedi alguns minutos com essa pessoa e o assunto foi tratado "diretamente", acredito, com a outra pessoa. Afinal, são unha e carne em termos de amizade.

A cada palavra e pergunta sem resposta (sim, a pessoa não poderia responder pela outra), percebi que eu estava ficando mais leve. Isso sem saber se realmente eu fiz por onde tanta falta de energia no meu sentido.

Não entendo como as pessoas deixam de se falar por algum erro de comunicação ou alguma falta de acerto. Assim mesmo, sem saber se de fato se eu era o culpado, mandei o meu pedido de desculpas.

Quem sabe um dia eu me encontre com essa pessoa de novo, não? Que seja novamente um encontro prazeroso.





Para quem acredita na força divina, foi Deus que colocou, ambos os casos, por algum motivo: seja para ver um bom exemplo de superação e me ajudar de alguma forma (como foi no primeiro caso) ou para tirar um (suposto) peso das minhas costas que já durava um bom tempo.

Para quem não acredita, na maioria do tempo, como eu, foi uma relação de causa e consequência de fazer o bem e receber do universo essa energia boa nos casos citados.

Ao final, um pequeno toque das 21 leis que regem o universo material e espiritual. Com um destaque para a causa e consequência.

1- Lei da Atração;

2- Lei da Resistência;

3- Lei da Reflexão;

4- Lei da Manifestação;


5- Lei do Livre Arbítrio;


6- Lei da Consequência - Causa e Efeito - Tudo surge de algo original anterior, cada evento, cada pensamento causa uma consequência (positiva ou negativa ao nosso julgamento e dos demais). Assim se executamos atos negativos atrairemos atos negativos e atos positivos atrairão no futuro atos positivos.
7- Lei da Harmonia;

8- Lei da Sabedoria e Conhecimento;

9- Lei do Retorno e da Dádiva;

10 - Lei da Evolução e Propósito;

11- Lei da Energia;


12 - Lei do Desapego;

13 - Lei da Gratitude;


14- Lei da Associação quando dois ou mais se juntam com o mesmo propósito ou intenção elevados;


15 - Lei do Amor Incondicional;

16 - Lei da Afinidade;

17 - Lei da Abundância;

18 - Lei da Ordem Universal;

19 - Lei da Unidade;

20 - Lei do Compromisso;

21- Lei da Eternidade.


Base: Silvana Rangel - artigo elaborado sob o ponto de vista das análises mais recentes e criteriosas da física quântica, pelas ciências da metafísica e pelas ciências védicas.
 
Uma boa semana para todos. Louco para ficar 100% legal!



sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Elas se beijaram




Sempre defendi o direito do próximo de ser feliz. Independente do desejo. Uns acham que devem fazer a curva. Outros, voltar pelo mesmo caminho. E uma pequena minoria segue a rota reta da sonhada felicidade: consciente ou inconsciente (sim, muitas vezes vivemos sem ter a necessidade de ser feliz. De acreditar. Apenas vivemos).

E nessa pegada da felicidade, e do prazer, fui ao cinema próximo da minha casa. Comecei a entender que existe vida ao lado da minha moradia. E que existe uma das minhas paixões: o cinema.

E em uma dessas idas para a sétima arte, perto de minha casa, estava o filme "As Sufragistas". Uma excelente arte que retrata a luta das mulheres pelo simples direito de votar.

Tão surpreendente quanto saber que houve um tempo em que a mulher não votava (ou melhor, sabia, mas constatar isso é duro, não? Inconcebível aos dias de hoje), foi observar o público. Como sempre observando e sem ter o que fazer antes do filme, comecei a olhar ao meu redor. Senhoras e senhores em grande maioria. Afinal, não é todo mundo que pega um cinema no final da tarde e no meio de semana. Vez em quando me dou esse direito.

Entre tantas chegadas e pipocas, um casal me chamou a atenção. E justamente um casal gay. Eram duas jovens com idades entre 18 e 25 anos no máximo. Uma de óculos, fazendo o tipo mais intelectual e calada. A outra, mais atirada e mais cheia de atitude: não menos apaixonada que a outra.

De cara, e antes que elas se posicionassem na minha frente, me chamou a atenção o carinho em que uma tinha com a outra. Aliás, ambas transbordavam amor. Era diferente: tipo namorados no seu primeiro mês de relacionamento.

A cena seria típica de um outro filme. Onde duas lindas meninas, que se gostam, vão ao cinema ou qualquer outro lugar, e não podem ser o que realmente são. Seria engraçado se não fosse triste constatar as duas moças vendo um filme, pela luta da mulher, pelo voto no início do século xx. Um verdadeiro contraste entre o voto e o direito de ser feliz com o outro(a).


"A medida de amar é amar sem medida" Sto. Agostinho.


Ambas deixaram escapar aos olhos do observador todo o carinho e delicadeza das ações e gestos. Do simples deixar a outra se sentar primeiro e do pegar delicadamente nas mãos. Como se fosse uma mão de seda ou uma planta precisando de carinho.

Bom, a luz apagou e com ela um monte de futuros filmes e propagandas. Elas? Se beijaram e fizeram carinho até onde podiam. É uma pena que uma cena de amor e entrega só possa ser percebida por poucos e ao apagar das luzes, não?

Que a luta pelo voto na Inglaterra, e em todos os cantos do mundo, construa o pilar do direito ao amor. Seja ele qual for, onde for e independente de horário e luz.

Deus salve as mulheres!

(Foto 1: adorocinema.com)
(Foto 2: blog.udf.edu.br)

domingo, 3 de janeiro de 2016

Ano novo, "Vida Bovina"


Eita ano novo e vida velha. Tudo como antes. "Nada mudou", diria a velha música. A passagem de ano como sempre: gente prometendo o que não deverá cumprir, postando e sussurrando mudanças de atitude para o novo ano quem vem, com mais horas do que o que passou.

Em recente ida para uma praia do Recife, com um amigo, fiquei pasmo, pela segunda vez, ao ver algumas atitudes: é, o amigo aqui passa o tempo todo observando tudo em 360º. Sempre fui assim. Defeito? Virtude? Vício? Sei lá. Chame como quiser. Só não é reprovável.

Continuando... Sabe aqueles amigos que você nunca (olha eu digitando essa palavra de novo) encontra e que mora há uns 6 mil Km de distância? Ou melhor, gente que você se sente bem e que te faz rir somente por estar ao teu lado? E que quando se encontra, parece até que se falaram no mesmo dia por celular e que, na verdade, faz anos que não existe um contato? Pronto...É com esse tal personagem que me atrevo a dar uma chegada na praia de Boa Viagem vez ou outra.

Chegamos tarde, "tipo cearense", que reza a lenda: chega tarde e sai à noite da praia. Se você for cearense, não se ofenda. Adoro o estado e os times de lá.

O local da praia que fomos é considerado um ponto "bom" (a gente nem acha tanto assim, só que as pessoas costumaram rotular alguns locais como bons). Sabe o efeito boiada? Esclareço. É quando todo mundo segue no mesmo caminho em bando (ou veste o mesmo tipo de roupa, celular ou pode ser em comportamento do tipo ir para o mesmo lugar).

Bom... Pela segunda vez estava no mesmo lugar e na mesma praia fazendo parte do efeito boiada. Lá pelas tantas... Entre comidas, celulares e outras coisas mais nas mesas, um cidadão (que de cidadania não sabe nem o que é) vem com uma mangueira e começa a molhar a turma. Sabe carnaval de Olinda? Só que em Olinda, para quem conhece, lá pelas tantas, estão todos bêbados e dispostos, na brincadeira, a se molhar. Até pelo calor e necessidade. É outro clima e existe uma magia nos ares da Olinda alta.

Não acreditei no que via. O povo sendo molhado e, por consequência, suas roupas, celulares e comidas (que não era de graça) também estavam na suposta "folia" do camarada. Até que o cara chegou para a banda que eu estava sentado e continuou molhando. Logo me levantei, reclamei e exclamei que se eu quisesse tomar banho iria ao mar ou no chuveiro que tem disponível no próprio "point".

Foi somente isso para olhar as caras e perceber os comentários contrários e reprovadores dos "espectadores". Não sei... Por alguns segundos eu estava me "editando" e vendo a possibilidade de até pedir desculpas ao "cidadão aguador de gente". Logo percebi, e com convicção comecei a refletir, que o Brasileiro se acostumou com isso, com pouco e a não dar a mão para a palmatória. Pior: a achar que reclamar e exigir seus direitos é feio; que o outro pode e que eu não tenho direito. Ah! vão se catar (risos).

Não acredito que o cara pague R$ 60,00 em um peixe e queira que a água, que vem não sabe de onde, tempere o seu prato. Vai entender!?

A motivação

"Como cearense" pedimos a conta muito tarde. Tipo: final da tarde. E muito tempo antes já percebia um pouco dos motivos que reforçavam e faziam "os espectadores" reprovarem a minha reclamação de um banho coletivo no "point". A própria falta de cidadania e, digamos, educação dos que alí estavam e saiam aos poucos.

Sacos, copos e restos de comida estavam disponíveis para quem quisesse no local. Sabe aqueles pombos de praia? Verdadeiros urubus, que se fossem bons para comer, já estariam nas panelas dos "barraqueiros points"

Me lembrei de um vídeo da Disney que mostra o Pateta indo para praia com um monte de gente e vendo os atropelos das sujeiras deixadas no caminho: antes, durante e depois.

Talvez a sujeira deixada na praia justifique a falta de bom senso e civilidade para o momento.

E tem um cantor de rock que quando canta o hino dos anos 80, "Que país é este", da banda Legião Urbana, permite o coro dos contentes: "É a porra do Brasil".

"Que porra" é essa que o cara pode prometer mudança e que não pode jogar o seu próprio lixo no lixo? Que não se julga responsável nem pelo próprio lixo?

Bem vindo ao mundo bovino.

(Foto 1: JC Imagens)
(Foto 2: IG)