quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Tripulação, preparar para o embarque.






Mais de 20 anos se passaram desde que a Legião Urbana lançou o seu primeiro sucesso. E são vários: não dá para comentar um por um. Dentre "os mais" (se é que posso dizer "mais") tocados, está o que virou hino da juventude dos anos 80: "Que país é este". Aliás, virou o hino de protesto do Brasil, nos dias de hoje, com outra conotação. Explico, adiante.

Há alguns dias fui para um show de um cantor que acompanho desde que me entendo por música. E, como antes, nos anos 80, um telão (lá nos anos 80 não tinha telão, era música mesmo) mostrava vários shows do Rock in Rio etc.. Tudo para descontrair o público.

Várias situações me chamavam a atenção e a comparação com os inúmeros shows, do mesmo cantor e de outras bandas, não poderia ser diferente. Neste, em especial: de um lado cadeiras e mesas exibindo bebidas e vestidos "elegantes".  Sabe show do Roberto Carlos, todo final de ano? Igual: sem tirar, nem pôr. Do outro, eu e uma turma em pé, como antes, e alguns vestidos (também "elegantes") ao meu lado. Cheguei a dar risadas. Ou será que riram do meu jeans desbotado e minha camiseta de algodão? Hilário.

Será que o Rock perdeu a essência? Ou foi a juventude? Para completar, entre as músicas tocadas no telão, apareceu Dinho Ouro preto. Entre os sucessos da sua banda, ele cantou Legião e a música que falei no primeiro parágrafo. Tudo caminhava bem, aos meus ouvidos, até o público (na gravação) gritar e responder para o cantor, na música, que o país tão falado era "a porra do Brasil".






Foi nesse exato momento que voltei no tempo. Há vários shows que fui da Legião e outras bandas que marcaram o Rock brasileiro naquele período de adolescência. Engraçado que o país vivia tempos bem difíceis. Para quem diz que hoje é pior, aconselho dar uma lida nos jornais do passado para ver e compreender o que é o Brasil de hoje.

Como o assunto aqui não é política, ah!... Voltei no tempo e comprovei que em nenhum show da Legião ou de qualquer banda, a juventude daquela época se dirigia ao país como "a porra do Brasil".

Fico imaginando o Renato Russo neste momento. Renato era um verdadeiro protestante das causas públicas e com política no corpo e na alma. Nunca se referiu ao Brasil com essa conotação. Sabe filho que está com raiva do pai? Por mais raiva da situação, o filho nunca chamaria o seu pai de "porra". E ele era assim.

Além de vergonha, Renato Russo mandaria todo mundo para outro lugar e sairia do show.

Alguma dúvida?

Tripulação, preparar para o embarque.


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