domingo, 3 de janeiro de 2016

Ano novo, "Vida Bovina"


Eita ano novo e vida velha. Tudo como antes. "Nada mudou", diria a velha música. A passagem de ano como sempre: gente prometendo o que não deverá cumprir, postando e sussurrando mudanças de atitude para o novo ano quem vem, com mais horas do que o que passou.

Em recente ida para uma praia do Recife, com um amigo, fiquei pasmo, pela segunda vez, ao ver algumas atitudes: é, o amigo aqui passa o tempo todo observando tudo em 360º. Sempre fui assim. Defeito? Virtude? Vício? Sei lá. Chame como quiser. Só não é reprovável.

Continuando... Sabe aqueles amigos que você nunca (olha eu digitando essa palavra de novo) encontra e que mora há uns 6 mil Km de distância? Ou melhor, gente que você se sente bem e que te faz rir somente por estar ao teu lado? E que quando se encontra, parece até que se falaram no mesmo dia por celular e que, na verdade, faz anos que não existe um contato? Pronto...É com esse tal personagem que me atrevo a dar uma chegada na praia de Boa Viagem vez ou outra.

Chegamos tarde, "tipo cearense", que reza a lenda: chega tarde e sai à noite da praia. Se você for cearense, não se ofenda. Adoro o estado e os times de lá.

O local da praia que fomos é considerado um ponto "bom" (a gente nem acha tanto assim, só que as pessoas costumaram rotular alguns locais como bons). Sabe o efeito boiada? Esclareço. É quando todo mundo segue no mesmo caminho em bando (ou veste o mesmo tipo de roupa, celular ou pode ser em comportamento do tipo ir para o mesmo lugar).

Bom... Pela segunda vez estava no mesmo lugar e na mesma praia fazendo parte do efeito boiada. Lá pelas tantas... Entre comidas, celulares e outras coisas mais nas mesas, um cidadão (que de cidadania não sabe nem o que é) vem com uma mangueira e começa a molhar a turma. Sabe carnaval de Olinda? Só que em Olinda, para quem conhece, lá pelas tantas, estão todos bêbados e dispostos, na brincadeira, a se molhar. Até pelo calor e necessidade. É outro clima e existe uma magia nos ares da Olinda alta.

Não acreditei no que via. O povo sendo molhado e, por consequência, suas roupas, celulares e comidas (que não era de graça) também estavam na suposta "folia" do camarada. Até que o cara chegou para a banda que eu estava sentado e continuou molhando. Logo me levantei, reclamei e exclamei que se eu quisesse tomar banho iria ao mar ou no chuveiro que tem disponível no próprio "point".

Foi somente isso para olhar as caras e perceber os comentários contrários e reprovadores dos "espectadores". Não sei... Por alguns segundos eu estava me "editando" e vendo a possibilidade de até pedir desculpas ao "cidadão aguador de gente". Logo percebi, e com convicção comecei a refletir, que o Brasileiro se acostumou com isso, com pouco e a não dar a mão para a palmatória. Pior: a achar que reclamar e exigir seus direitos é feio; que o outro pode e que eu não tenho direito. Ah! vão se catar (risos).

Não acredito que o cara pague R$ 60,00 em um peixe e queira que a água, que vem não sabe de onde, tempere o seu prato. Vai entender!?

A motivação

"Como cearense" pedimos a conta muito tarde. Tipo: final da tarde. E muito tempo antes já percebia um pouco dos motivos que reforçavam e faziam "os espectadores" reprovarem a minha reclamação de um banho coletivo no "point". A própria falta de cidadania e, digamos, educação dos que alí estavam e saiam aos poucos.

Sacos, copos e restos de comida estavam disponíveis para quem quisesse no local. Sabe aqueles pombos de praia? Verdadeiros urubus, que se fossem bons para comer, já estariam nas panelas dos "barraqueiros points"

Me lembrei de um vídeo da Disney que mostra o Pateta indo para praia com um monte de gente e vendo os atropelos das sujeiras deixadas no caminho: antes, durante e depois.

Talvez a sujeira deixada na praia justifique a falta de bom senso e civilidade para o momento.

E tem um cantor de rock que quando canta o hino dos anos 80, "Que país é este", da banda Legião Urbana, permite o coro dos contentes: "É a porra do Brasil".

"Que porra" é essa que o cara pode prometer mudança e que não pode jogar o seu próprio lixo no lixo? Que não se julga responsável nem pelo próprio lixo?

Bem vindo ao mundo bovino.

(Foto 1: JC Imagens)
(Foto 2: IG)

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