sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Elas se beijaram




Sempre defendi o direito do próximo de ser feliz. Independente do desejo. Uns acham que devem fazer a curva. Outros, voltar pelo mesmo caminho. E uma pequena minoria segue a rota reta da sonhada felicidade: consciente ou inconsciente (sim, muitas vezes vivemos sem ter a necessidade de ser feliz. De acreditar. Apenas vivemos).

E nessa pegada da felicidade, e do prazer, fui ao cinema próximo da minha casa. Comecei a entender que existe vida ao lado da minha moradia. E que existe uma das minhas paixões: o cinema.

E em uma dessas idas para a sétima arte, perto de minha casa, estava o filme "As Sufragistas". Uma excelente arte que retrata a luta das mulheres pelo simples direito de votar.

Tão surpreendente quanto saber que houve um tempo em que a mulher não votava (ou melhor, sabia, mas constatar isso é duro, não? Inconcebível aos dias de hoje), foi observar o público. Como sempre observando e sem ter o que fazer antes do filme, comecei a olhar ao meu redor. Senhoras e senhores em grande maioria. Afinal, não é todo mundo que pega um cinema no final da tarde e no meio de semana. Vez em quando me dou esse direito.

Entre tantas chegadas e pipocas, um casal me chamou a atenção. E justamente um casal gay. Eram duas jovens com idades entre 18 e 25 anos no máximo. Uma de óculos, fazendo o tipo mais intelectual e calada. A outra, mais atirada e mais cheia de atitude: não menos apaixonada que a outra.

De cara, e antes que elas se posicionassem na minha frente, me chamou a atenção o carinho em que uma tinha com a outra. Aliás, ambas transbordavam amor. Era diferente: tipo namorados no seu primeiro mês de relacionamento.

A cena seria típica de um outro filme. Onde duas lindas meninas, que se gostam, vão ao cinema ou qualquer outro lugar, e não podem ser o que realmente são. Seria engraçado se não fosse triste constatar as duas moças vendo um filme, pela luta da mulher, pelo voto no início do século xx. Um verdadeiro contraste entre o voto e o direito de ser feliz com o outro(a).


"A medida de amar é amar sem medida" Sto. Agostinho.


Ambas deixaram escapar aos olhos do observador todo o carinho e delicadeza das ações e gestos. Do simples deixar a outra se sentar primeiro e do pegar delicadamente nas mãos. Como se fosse uma mão de seda ou uma planta precisando de carinho.

Bom, a luz apagou e com ela um monte de futuros filmes e propagandas. Elas? Se beijaram e fizeram carinho até onde podiam. É uma pena que uma cena de amor e entrega só possa ser percebida por poucos e ao apagar das luzes, não?

Que a luta pelo voto na Inglaterra, e em todos os cantos do mundo, construa o pilar do direito ao amor. Seja ele qual for, onde for e independente de horário e luz.

Deus salve as mulheres!

(Foto 1: adorocinema.com)
(Foto 2: blog.udf.edu.br)

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